Nesta sexta-feira, 19, o Dia dos Povos Indígenas ficou marcado com uma ação realizada pelo HGR (Hospital Geral de Roraima) ao incluir a presença do Pajé no serviço de saúde. Na cultura indígena, trata-se de um curandeiro e intermediário espiritual, sendo uma das figuras mais importantes na comunidade.
A medida é parte da implantação das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), um instrumento do Ministério da Saúde que têm como finalidade prevenir agravos à saúde, promovendo a recuperação da saúde paciente, enfatizando a escuta acolhedora, a construção de laços terapêuticos e a conexão entre ser humano, meio ambiente e sociedade.
Com isso, o HGR passa a ser a primeira unidade hospitalar pública da região Norte a adotar essa prática. “É um orgulho para nós do Governo de Roraima adotar essa medida de reconhecimento aos povos indígenas. Trata-se da valorização e o respeito da cultura indígena”, afirmou a secretária de Saúde, Cecília Lorenzon.
Segundo a diretora geral do HGR, o que já é reconhecido pelo Ministério da Saúde passa a ser praticado em Roraima. “Estamos trazendo a cultura indígena, as crenças, as tradições de saúde, de cura através da pajelança aqui para dentro do hospital. Então, os indígenas terão um ambiente ao ar livre aqui no HGR para esse tipo de atividade, trazendo um conforto e credibilidade para eles, não deixando de lado a terapia tradicional”, afirmou a diretora geral do HGR, Patrícia Renovatto.
Agora, a atenção integral à saúde indígena do HGR passa a contar com o apoio da Pajé Vanda, da etnia Macuxi, para auxiliar no tratamento de saúde dos pacientes. “Me sinto honrada com essa homenagem, respeitada e valorizada por agora ser reconhecida como a doutora dos povos indígenas. Isso vai fortalecer cada vez mais o meu trabalho, não só em favor dos povos indígenas, mas também os não indígenas”, afirmou.
REFERÊNCIA EM TODO O ESTADO
Principal referência hospitalar do Estado, o HGR atende tanto a população local quanto cidadãos de outros países, e é o destino de pacientes indígenas que necessitam de assistência de urgência e emergência.
De 1º de janeiro até 12 de abril deste ano, o HGR recebeu 915 pacientes indígenas, aldeados e não aldeados. Enquanto que o resultado do ano anterior foi de 3.584 atendimentos (nos 12 meses).
Representando a Sesau, a coordenadora de Atenção à Saúde Indígena, Lúcia Paiva, ressaltou a articulação que a pasta tem realizado junto às entidades indígenas do Estado.
“Esse trabalho de melhorar a assistência em saúde aos povos indígenas vem desde 2018, mas foi a partir de 2022, por meio da gestão da secretária Cecília, foi que a saúde indígena passou a ter mais apoio, não só nas unidades hospitalares, mas também com ações de saúde itinerante nas comunidades indígenas”, destacou.
CELEBRAÇÃO EM OUTRAS UNIDADES
Além do HGR, as celebrações ao Dia dos Povos Indígenas foram realizadas em outras unidades da Rede Estadual de Saúde.
No Hospital das Clínicas Dr. Wilson Franco, o hall de entrada da unidade ganhou adereços típicos da cultura indígena, trazendo um pouco das tradições dos povos originários para pacientes e acompanhantes.
“É uma programação que conta com a exposição de alguns artesanatos, exposição de fotos de alguns atendimentos e um coquetel com bastante paçoca”, informou a coordenadora do Núcleo de Atenção Indígena do HC, Beatriz Gonçalves.
Já o Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth optou por uma mostra fotográfica e exibição de artesanatos indígenas.
“A data é importante no sentido de combater os preconceitos, mostrar para a população um pouco da cultura indígena e fazer com que os direitos dos povos indígenas sejam respeitados”, pontuou o coordenador de Atenção à Saúde Indígena da Maternidade, Aharon Macuxi.