Roraima carrega muita história em cada canto. O São João no Parque Anauá, promovido pelo Governo do Estado por meio da Secult (Secretaria de Cultura e Turismo) resgatou essas raízes durante a tradicional festa junina considerada a maior da região Norte. Na 30ª edição, adotou a proposta de homenagear os ícones da cultura popular roraimense que contribuíram para o fomento e fortalecimento do setor.
Aos 60 anos, a servidora pública Valdenice dos Santos é apaixonada pela história do Estado e aprovou a ideia de resgatar as raízes durante esse momento tão tradicional. “Isso prova que não esqueceram, que fica na memória das pessoas e vão passando pra as outras gerações, contando a história. É assim que se faz né?” pontuou.
As tendas gastronômicas por exemplo, receberam o nome de “Tia Sabá” e “Tia Quelé”, mulheres que foram importantes na culinária roraimense, além disso, por muito tempo o restaurante da “Tia Sabá” também foi um espaço cultural, no bairro São Pedro.
A advogada Ana Luciola Franco, estava nostálgica enquanto apreciava a culinária na Tenda da Tia Sabá e lembrava da época em que dançava pagode no espaço cultural.
“Para nós que somos de Roraima assistir a memória preservada no nome dessas pessoas que fizeram história dentro das suas realidades e ajudaram a construir o nosso estado é emocionante. Eu me senti assim surpresa e feliz ao chegar aqui e vê o nome da tia Sabá, eu fui uma das que dançou muito pagode”, contou a advogada.
Os palcos também têm um significado especial. O Batistão, que recebe as atrações nacionais e é arena principal do arraial, ganhou o nome em homenagem ao sonoplasta e empresário João Batista Lima de Siqueira, precursor da sonorização em Roraima.
“Eu lembro que antigamente a gente via o caminhão azul dele, já sabíamos que ia ser ‘som grande’. Antigamente não tinha muita empresa com uma equipe de som boa. Então quando a gente via o carro, já sabia que ia ser o som do seu Batista”, recordou a artista e produtora Kaline Barroso.
Outro homenageado é o cantor, compositor, poeta e escritor Arthur Mesquita, que ficou muito conhecido na década de 80 por dos festivais de música do Estado. Mas as homenagens não param por aí.
O forródromo do Parque Anauá foi transformado na “Arena Nazareno” uma espécie de quadrilhódromo durante o festejo, que recebeu o nome em homenagem ao quadrilheiro Nazareno Cavalcante Teles fundador da quadrilha Zé Monteirão. Ele é ícone para a cultura junina em Roraima e deixou um legado.
A atual presidente da Zé Monteirão, Lulia Oliveira é prova disso. Iniciou a vida nos tablados na adolescência na Escola Monteiro Lobato onde surgiu a quadrilha e segue firme até hoje.
“As quadrilhas são hoje o que são muito por incentivo dele. Além da Zé Monteirão ele também participou da fundação da Eita Junino e da Amor Caipira. Ele vendia sonhos e todos os envolvidos do movimento junino o respeitavam muito. Eu acho que é muito válida essa homenagem a ele nesse momento”, ressaltou Lulia.
A decoração que toma conta do São João no Parque Anauá tem a temática da Cidade Forrobodó. que é o nome do palco localizado logo no início da festa simbolizando o coreto da praça onde todos os habitantes se encontravam para festejar. Também são retratados ambientes do cotidiano de uma forma lúdica. É possível encontrar espaços como correios, igreja e casinhas antigas.
O governador Antonio Denarium destacou a importância de resgatar a história, cultura roraimense e os personagens que fizeram parte da construção do Estado. “Pensamos com carinho em uma festa para a família roraimense e com muito apelo histórico e cultural”, disse.